Antigamente a autoridade era representada por um homem com um ceptro,
sentado num trono. Hoje, ele é substituído por um homem que trabalha ao
serviço da colectividade... O Professor? Talvez…
Na escola o
que interessa é o indivíduo no tempo presente, o que sente, o que pensa,
o que intui, o que é. Porque se trata duma escola para aprender, neste
caso a tecer palavras bem articuladas com uma representação correcta.
Não a competição que os distraí da intuição.
Na fase de
aprendizagem, o aluno não pode deixar de cometer erros, mas errando
aprende. Dar aos alunos a possibilidade de errar, a liberdade de tecer
erradas palavras, mas para depois corrigi-las, e assim aprender; até
tecer um harmonioso diálogo.
A fase seguinte que os espera
não poderá ser senão a de quem aprendeu e daí não erra mais. Mas também
isso é lógico e está em seu lugar, porque esta é uma fase necessária
para aprender, ainda que sofrendo, e assim elevar-se em direcção ao
melhor.
Dentro das nossas escolas os alunos chumbam porque o
ensino consegue esta maravilhosa proeza, desmotivar os alunos
completamente. No ensino estão todos virados nas notas, sobretudo os
paizinhos. Só vêem as notas à frente.
Que os alunos estejam
equilibrados, estejam bem dentro de ti, que se conheçam, que saibam quem
são, que tenham um excelente relacionamento com os amigos, que sejam
criativos e intuitivos, isso não interessa nada. É preciso brilhar com o
ego. E as notas puxam o lustro ao ego. Primeiro ao dos pais e depois,
segundo eles, o dos alunos. O ego precisa medir e comparar tudo.
Mas
dentro da sala de aulas está o Professor. E este verifica
acontecimentos de todas as grandezas em cada lugar e momento, e por
vezes sem qualquer controle dele, isto é, sem previsão do
desenvolvimento e sem provimento para guiá-lo. Nesta confusão não é na
verdade dono da situação. Aqui ele se comporta empiricamente, seguindo
as próprias miragens, em vez de prever racionalmente a escolha, e as
consequências da própria conduta.
Longe dum exame analítico,
apenas constata a existência dos factos sobre os quais se baseiam as
suas afirmações. Este professor tem a liberdade, mas precisa de conhecer
o desenvolvimento da situação. Para isso deve aprende-lo à sua custa,
sofrer as consequências dos seus erros.
Na fase seguinte não
mais ignorante de cada acção sua e das consequências, saberá prever e
prover racionalmente de modo a dominar a situação, dirigindo-a em
direcção à devida conclusão.
Esta é uma posição de grande vantagem
sobre a precedente, porque permite ao professor avançar, não mais ao
acaso, mas dirigindo-se inteligentemente na direcção que é
verdadeiramente útil, em vez de, por inconsciência, ferir-se
continuamente com as dolorosas consequências dos seus fracassos.
Trata-se duma conduta sobre a qual se poderá estabelecer, para sua vantagem, um novo código de vida.