A vida tem um preço

O amor é sem dúvida um dos impulsos fundamentais da vida. Não é apenas uma necessidade da carne, mas sobretudo uma exigência do espírito. É a necessidade do divino que nos falta e é necessário à vida. No amor, a amizade não cessa, mas se reforça e a vida une e constrói.

Hoje se difunde um negligenciar de todos os deveres, de libertar-se de todas as disciplinas, acreditando-se que com isso se aliviem todas as cargas. O resultado é um egoísmo cada vez mais feroz, semeador de danos para todos, na luta cada vez maior, e pois, na vida cada vez mais dura. Esta queda na barbárie se chama evasão e liberdade. Cada qual nega ao próximo o tributo do próprio dever e todos se empobrecem. Mas tudo isto leva a um único resultado: o sofrimento que é útil para amadurecer.

Também é lógico que essa ilusão necessária desapareça com o despertar da consciência. A evolução representa um trabalho duro, e dele quase todos querem fugir. Mas vida recompensa somente quem luta para crescer, arrasta consigo quem a segue, ao passo que abandona quem diverge do seu caminho. O ser maduro que não entra em guerra e não vence é colocado entre os fracos e liquidado.

Por outro lado, estamos asfixiados por montanhas de falsidades e a vida rebela-se porque está faminta de verdade. Obedece muito mais às causas profundas, que não vemos do que às superficiais com as quais tanto contamos.
O ser tanto experimenta os enganos do mundo e entendeu o jogo das ilusões, que para ele não se trata mais de por esforço de virtude, não desejar poder, honras, gozos materiais... Mas, trata-se pelo contrário, do facto de que ele não pode deixar de rejeitar com um certo sentido de repugnância tal tipo de satisfações, recusando-as com náusea, apesar de elas serem tanto procuradas pela imbecilidade humana.

Se o ser atingiu essa maturidade, aprendeu a autodisciplinar-se fazendo sábio uso das coisas. É certo que o destino através da lei causa-efeito é fatal. Porém se soubermos lançá-lo na direcção justa ele será fatal, a nosso favor. O que decide é sempre a vontade individual.

A prova se faz com a própria vida, se se sobe em conquista de conhecimento e amor, é para executar um trabalho mais árduo, e para cumprir deveres mais nobres.

Por outro lado, a vida deve ter um conteúdo sério que não a transforme numa perda de tempo à caça de ilusões. As coisas do mundo não são más, mas quando se faz delas um mau uso, ficam envenenadas. O mundo desobriga-se dizendo que as forças espirituais não existem, o que não as impede de continuar a funcionar. Não as vê, e não as vendo, nega-as, o que as torna por isso muito mais perigosas, porque não as leva em conta.