A violência nas escolas

 Quadro de Silvia Marieta

 A criança seguindo o impulso elementar, arremessa-se a abrir caminho com a violência, e não se dá conta das inevitáveis reacções das suas acções. Acontece assim, que esta com toda a sua força, pratica uma série de erros, dos quais não poderá eximir-se de sofrer as reacções. Isto depende da sua ignorância, que a faz acreditar ser lícito e possível praticar tudo, conquanto a força lho permita.

Contudo a criança deve tomar consciência que está-se a mover dentro de um grande organismo, deverá seguir com inteligência e obediência, e que é absurdo aquele o seu sistema de querer impor-se a tudo, e a todos. Assim, ela bate continuamente contra as paredes, com o resultado, não de derrubá-las como acredita ser possível, mas de destruir-se, porque entre a criança e o sistema, o mais forte é sempre o último.

O nosso mundo tudo está feito para funcionar em série. Logo, é lógico que seja repelida como rebelde a ovelha que não permanece no rebanho, trazendo desordem porque não obedece com disciplina. Por outro lado, a criança ao lutar contra o ambiente hostil está a desenvolver a sua força e inteligência, através da agressividade e da ferocidade. Os seus problemas são os da vida social. O resultado de tudo isto, é que se a criança não tomar consciência da realidade, não pára de semear erros e não alcança a compreensão da realidade em que vive, assim é que a criança sofre e paga.

Se numa primeira etapa a criança aprende sem entender, repetindo por sugestão, imitando até que pela longa repetição mecanicamente adquire hábitos. É nesta etapa que a criança apela para a memória, que regista, e não para a inteligência que compreende e julga, a qual é uma qualidade que ainda não foi desenvolvida. Pela imitação a criança vai agindo sem saber o porquê, porém ela não é cega repetição, mas é pela obediência às regras que a criança vai apreendendo os princípios do comportamento. Isto, entretanto, não quer dizer que tudo não esteja perfeitamente no seu próprio lugar. A criança sofre e paga, mas pagando aprende, e é este, precisamente, o processo da evolução humana. Quem está rico de força, mas pobre de inteligência, possui a força e a utiliza para chegar à conquista da inteligência. Trata-se de se renovar completamente. Não na forma, mas na substância; não no vaso que contém, mas no conteúdo; não nas aparências, mas na sua natureza.

Não se trata só de praticar as mesmas coisas, as mesmas palavras. Porque não é só uma transformação de hábitos, mudando só a forma; mas em profundidade mudando a substância. A criança aumenta não somente a sensibilidade, mas também o pensamento. Com o qual procura dirigir-se a si mesma, está a crescer como um ser humano.

Com o viver transforma-se a quantidade em qualidade, a rude energia vital em pensamento, readquire-se no espírito o que se perde no corpo, em poder espiritual o que se perde de força material.

Ao lado do professor, os dois opostos colaboram, canalizados ao longo do mesmo caminho e dirigidos rumo à mesma finalidade, que é a da vida. Para esta finalidade converge o esforço que ao mesmo tempo que defende, ensina e, ensinando, realiza a evolução. Tais mudanças tão profundas não podem ser confiadas a um ser sem consciência… condição fundamental para crescer.